Advogado especialista dá 3 dicas para investidor não cair em golpe de cripto
Sasha Meneghel e o marido João Figueiredo, e o cantor Wesley Safadão também estão na lista de famosos que reclamam na Justiça perdas por investimentos em esquemas fraudulentos.
Desde que revelado que jogadores do Palmeiras foram vítimas de um golpe envolvendo criptomoedas, o assunto ganhou destaque na imprensa e nas redes sociais. Isso porque o esquema estimava rendimento de até 5% ao mês com investimento em criptoativos da WLXJ Consultoria, algo visto como “praticamente impossível” no mercado financeiro.
A promessa do retorno do investimento veio quando o ex-jogador do Palmeiras, Gustavo Scarpa, investiu R$ 6 milhões em criptomoedas na WLXJ em 2020. A indicação veio do ex-colega de time, Willian Bigode, que era sócio da WLXJ. Em agosto do ano passado, Scarpa teve dificuldade para resgatar o dinheiro e percebeu que tinha sido vítima de um golpe e chegou a registrar um boletim de ocorrência. Mayke, outro colega do time, também caiu no suposto golpe. Gustavo Scarpa teria disponibilizado para investimento cerca de R$ 6,3 milhões, enquanto Mayke R$ 4,083.
A questão é que a empresa não aparece registrada em nenhum órgão regulatório do mercado financeiro, portanto não poderia operar com criptomoedas ou qualquer outro investimento. Como defesa, a WLXJ alega que os recursos que recebia eram aplicados por outra empresa de criptoativos chamada Xland. Por sua vez, a Xland afirma que deixou o dinheiro dos clientes na FTX, corretora de criptoativos que quebrou em novembro do ano passado. Por essa razão, centenas de clientes foram prejudicados.
Essa não é a primeira vez que famosos são vítimas de golpes com criptomoedas. Ano passado, a modelo Sasha Meneghel e o marido João Figueiredo perderam, pelo menos, R$ 1,2 milhão no esquema de Francisley Valdevino da Silva, o “Sheik dos Bitcoins”. Nesse caso, a promessa era de rendimentos de até 8,5% ao ano.
O cantor Wesley Safadão chegou a ter um jatinho de luxo avaliado em R$ 37 milhões apreendido pela Justiça por conta de uma ação movida por um grupo de investidores lesados pelo “Sheik dos Bitcoins”. As vítimas queriam que a aeronave fosse usada para ressarcir quem ficou no prejuízo depois de descobertas as fraudes cometidas por Francisley – uma forma de pirâmide financeira com comercialização de criptomoedas. Wesley Safadão está envolvido no processo por ter recebido a aeronave como garantia de pagamento pelo investimento que ele fez na empresa do “Sheik dos Bitcoins”.
Jonathan Mazon, advogado sócio do Junqueira Ie Advogados, e que atua com mercado de capitais e governança, alerta para o risco desse tipo de investimento. Embora aprovado o Marco Regulatório das Criptomoedas, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda precisa criar normas que estabeleçam segurança jurídica tanto para o investidor quanto para as exchanges.
De acordo com Mazon é cada vez maior o interesse de investir em criptomoedas. Com as redes sociais, ganham voz influenciadores que acabam construindo reputação em torno do assunto, mesmo não sendo habilitados ou credenciados para orientarem investidores. “É sempre recomendável ter o respaldo de especialistas que conheçam as normas e leis sobre criptomoedas e outros investimentos, como forma de evitar dores de cabeça futuras”, adverte Mazon.
O advogado ainda dá três dicas para investidores não serem vítimas do golpe da cripto:
Dica 1
Rendimento garantido sempre deve ser um alerta — o risco de não ser bem assim é altíssimo. Por se tratar de um investimento classificado como Renda Variável, não se pode cravar qual será o rendimento a ser aferido. O mercado das criptomoedas funciona a partir da lei de oferta e demanda, o que influencia nas somas das perdas e dos ganhos.
Dica 2
O investimento deve ser recomendado por um assessor ou profissional capacitado na área. Para exercer a função, ele deve ter sido ser aprovado em exames de certificação e mostrar as credenciais recebidas pelo órgão regulador. O procedimento garante que o consultor de investimento assuma as consequências caso algo dê errado.
Dica 3
Checar o que a pessoa que indicou o investimento ganhará com isso, para esclarecer se a indicação é técnica ou se há outros interesses. Consultores credenciados e especializados focam nos interesses e demandas do investidor e não da instituição financeira.
Dica bônus
Se parece bom demais para ser verdade, é sempre melhor fazer uma ligação para o advogado de confiança antes de investir. O crivo legal é importante para estruturação de qualquer investimento.