Parabéns Barretos, pelos 167 anos – Elisete Tedesco

BARRETOS E ALGUNS DOS SEUS SÍMBOLOS

Por Elisete Greve Tedesco

 

 

 

 

Pensar que o homem nasceu sem uma história dentro de si próprio é uma doença. É absolutamente anormal, porque o homem não nasceu da noite para o dia. Nasceu num contexto histórico específico, com qualidades históricas específicas e, portanto, só é completo, quando tem relações com essas coisas. Se, um indivíduo cresce sem ligação com o passado, é como se tivesse nascido sem olhos, nem ouvidos, e tentasse perceber o mundo exterior com exatidão. (Carl Jung)

 

 

Quando Barretos completa 165 anos de fundação oficial, nada mais justo do que descrever símbolos que a representam, discorrer sobre ícones utilizados no cotidiano da cidade, muitas vezes desconhecidos para a grande maioria da população. A palavra “símbolo” de origem grega representa uma realidade concreta, ou, abstrata, ou seja: religiões, nações, períodos de tempo, matéria, dentre outras, citando como exemplo a cruz em que Jesus pereceu terrenamente, passando a representar o Cristianismo.

O símbolo é um importante instrumento de comunicação, ele demonstra sem palavras, um fato religioso, cultural, sonoro, gestual, dentre outros. A cidade de Barretos possui diversos símbolos relacionados à sua trajetória, discorremos sobre alguns considerados de grande importância.

 

 

DIVINO ESPÍRITO SANTO

 

 

 

 

Por volta do ano de 1831, as famílias de Francisco José Barreto e Simão Antônio Marques chegaram ao território hoje denominado Barretos. Quando do registro oficial das terras “apossadas” pelos fundadores, foi efetivada a doação de 62 alqueires do recebido pela família Barreto e 20 alqueires do recebido pela família Marques. A escritura datada e assinada em 25 de agosto de 1854 deixou claro, que tal quinhão, por desejo dos fundadores, pertenceria ao “Divino Espírito Santo”, o santo de fé de ambas as famílias, sendo, a partir de então, o padroeiro da cidade.

 

Dois anos depois, sob o comando de Simão Antonio Marques foi iniciada a construção do monumento à fé dos primeiros povoadores: uma capela tosca, de madeira e cobertura de capim sapê, “símbolo da religiosidade”, da devoção do bom povo que fundou Barretos, e a fez florescer como cidade.

 

MARCO HISTÓRICO E MARCO GEOGRÁFICO DE BARRETOS

 

 

Diz a história, que no ano de 1831, os fundadores de Barretos e sua comitiva andaram por dias a fio, percorrendo longos caminhos, abrindo picadas à força do braço e do facão, indo à frente no comando da expedição Francisco José Barreto, sua esposa Ana Rosa de Jesus, acompanhados pelos filhos, genros e noras, além de seu irmão Antônio e do cunhado Simão Antônio Marques, o “Librina”, a esposa deste Joaquina Cândida de Jesus, filhos, um irmão e ajudantes.

Segundo alguns historiadores do passado, depois de extensa jornada, a comitiva atingiu a barranca do Rio Pardo, alcançando o córrego Cachoeirinha e, incrédulos com a força e tamanho do caudal, improvisaram canoas que possibilitaram sua travessia.

Ao galgarem terreno seguro, erigiram suas moradas, provavelmente, sob esteios de aroeira e cobertura de capim sapé, assentando-se à beira do Ribeirão das Pitangueiras, num local denominado “Fazendinha”. Tempos depois, a sede da “Fazenda Fortaleza” de propriedade da Família Barreto foi transferida para as proximidades do antigo Sanatório Mariano Dias. Somente no ano de 1845, quando foram soprados os novos ventos da civilização é que a posse da terra foi registrada.

Presume-se, que neste local viveram Francisco Barreto, até falecer, no ano de 1848 e sua esposa Ana Rosa, falecida presumivelmente no ano de 1852.

No ano de 1929, foi contratado um agrimensor do governo do estado, pela municipalidade, para que desenvolvesse a planta baixa da cidade, ficando estabelecido, depois de vários estudos, o local a ser considerado o “Marco Zero”, onde Barretos surgiu como cidade e partiriam todas as suas medidas geográficas.

Na década de 60, foi construído o primeiro “Marco” pelos alunos do antigo Ginásio Vocacional: um muro, que continha uma coluna imitando o Palácio da Alvorada, bem no estilo arquitetônico de Niemeyer. O segundo marco, foi construído no princípio da década de 80, possuía o formado de uma barra inclinada e um S estilizado, nela apoiado.

No ano de 1995, foi construído pelo município, no mesmo local, um novo Marco, tendo a sua base estrutural sob responsabilidade do engenheiro Marco Aurélio do Carmo Silva, da empresa “Carmo Ferreira Engenharia” e parte artística de Cesário Ceperó, Pedro Perozzi e Lourival Betelli.

Ainda figurando dentre dos principais destaques de preservação da memória de Barretos, o mural edificado em concreto mede 7 metros de altura por 10 metros de comprimento e suge uma fortaleza que representa a saga e o assentamento das famílias Barreto e Marques Librina neste solo. A obra destaca, ainda, a entrada dos pioneiros colonizadores e os fatos que envolveram a viagem empreendida, assinalando, que no local surgiu a primeira fazenda do município, a “Fazenda Fortaleza”, que originou um primitivo engenho produtor de cachaça e rapadura, primeiro ponto comercial da cidade.

Simboliza, além do desbravamento da região, a união dos primeiros habitantes de Barretos, nele constando: um monólito assimétrico de 5 metros de altura por 2 metros de largura, onde, foram retratados parte da história local: pessoas, objetos, principalmente, uma pomba divina, materializando a figura do santo padroeiro da cidade, o Divino Espírito Santo.

O colorido mural confeccionado em relevo de concreto representa os sete dons da natureza: ciência, amor, sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza e temor a Deus. Ele também representa a existência da fraternidade entre os barretenses e, o mesmo dístico encontrado no Brasão de Barretos “Fratres Summus Omnes”“Somos todos Irmãos”.

 

BRASÃO DE BARRETOS

 

Maria Luiza de Queiroz Barcellos

 

Tendo a Comissão Central dos Festejos Comemorativos do 1.º Centenário da Fundação de Barretos, aberto concurso, através da “Sub-Comissão Permanente de Assuntos Artísticos” para escolha de um escudo que simbolizasse as tradições e a vida de Barretos, verificou-se no dia 1.º de Abril de 1954, o julgamento de oito trabalhos apresentados, tendo sido classificado em primeiro lugar, o brasão apresentado sob o pseudônimo “Lusíada”, de autoria de Maria Luiza de Queiroz Barcellos.

O escudo que representa hoje o nosso município e todos os seus significados:

Descrição – Escudo semnítico, tranchado, com linha divisória em forma de grega, em relevo. À direita, campo de sinople, com uma pomba divina, de sua cor. À esquerda, campo de goles, tendo no centro uma fortaleza de ouro. Encima o escudo uma coroa mural de ouro com três torres, cada torre com uma porta. Como suportes: à direita, uma haste de milho, ao natural; à esquerda, uma haste de arroz, também ao natural; em baixo, listel de prata, com a divisa: Fratres Sumus Omnes, em goles.

Explicação: Escudo Semnítico ou néo-clássico, tranchado, isso é: dividido em diagonal, com a linha divisória partindo do lado superior esquerdo.

Com a linha divisória em forma de grega, em relevo: linha de forma dentada, simbolizando terra arada, como referência à intensa mecanização das lavouras do município.

À direita, campo de sinople: a cor verde colocada no lado nobre do escudo simboliza a riqueza pastoril do município e, por extensão, o gênero de atividade tradicional dos seus habitantes,

Com uma pomba divina, de sua cor: o símbolo do Divino Espírito Santo recorda a ação dos filhos e genros do pioneiro Francisco José Barreto doando a parte de suas terras em 1854, ao Divino Espírito Santo, que ficou sendo desta forma, o padroeiro da futura cidade.

À esquerda, campo de goles: esta cor simboliza, em heráldica, lutas, guerras e também virtuoses e grandezas. Figura no escudo como uma invocação ao espírito indomável e, ao mesmo tempo, nobre dos antigos povoadores do município.

Tendo no centro uma fortaleza de ouro: Este símbolo lembra o nome da fazenda “Fortaleza”, donde foram desmembrados os 62 alqueires doados pelos herdeiros de Francisco José Barreto ao Divino Espírito Santo e que constituíram o núcleo inicial de formação da cidade de Barretos.

Encima o escudo uma coroa mural de ouro: A coroa mural, símbolo das cidades fortificadas, lembra aqui a participação do povo barretense na gloriosa Revolução de 1932, e a resistência pelo mesmo, imposta, nas barrancas do Rio Grande ao inimigo invasor. O ouro é o metal próprio das cidades de primeira ordem.

Como suportes: à direita, uma haste de milho; à esquerda, uma de arroz, tudo ao natural.

 

 

HINO DE BARRETOS

 

 

Letra: Osório Faleiros da Rocha

Música: Aymoré do Brasil

 

 

Por Barretos bandeirante,

Desbravador do sertão!

Pela Pátria, avante! Avante!

Levantado o Coração!

 

Não há divisa mais bela,

Mais nobre, mais varonil:

Sejamos a sentinela

Avançada do Brasil!

 

O sol ardente o prado e as searas doura.

As bênçãos do Senhor vêm como o orvalho,

Protegendo os rebanhos e a lavoura,

Os lares, os estudos e o trabalho!

 

Por Barretos bandeirante

Desbravador do sertão…

 

Deus nos guie e conserve sempre unidos,

Como as suas ovelhas o zagal.

Sem distinção de credos e partidos,

Pugnemos pela glória nacional!

 

Por Barretos bandeirante,

Desbravador do sertão…

 

 

 

OS COMPOSITORES

Aymoré do Brasil

 

 

Nascido em 8 de dezembro de 1907, na cidade de Serra Negra, Estado de São Paulo, Aymoré do Brasil era filho do casal Aníbal Câmara e Benedita Maria da Conceição Câmara.

Diplomado pelos Conservatórios: Musical “Carlos Gomes” de Campinas e “Paulista de Canto Orfeônico”, na capital do Estado, obteve habilitação para ministrar aulas como professor de piano e violino pela Superintendência do Ensino Profissional de São Paulo.

Casou-se com Alaíde Buch e desta união nasceu Maria Cecília, a única filha do casal.

Com a incumbência de lecionar canto orfeônico como professor efetivo, veio para Barretos no ano de 1950, exercendo no Colégio Estadual e Escola Normal “Mário Vieira Marcondes”, o magistério por um longo período, empenhando-se na formação e direção dos corais compostos pelos alunos daquela instituição de ensino.

Naquela época, publicou “Peças Didáticas Pianísticas e Orfeônicas”, considerada uma notável obra, de total êxito no gênero.

Como colaborador de diversos órgãos da imprensa, destacou-se como crítico de arte em jornais e revistas, notadamente na cidade de Bauru, onde, com grande maestria discorreu sobre seu grande amor, a música, nos jornais “Correio da Noroeste” e “Folha do Povo”.

Além das notáveis qualidades, como mestre na arte de ensinar, Aymoré do Brasil foi excelente violinista e, através dos concertos por ele ministrados, causou a admiração geral da população, onde promoveu como ninguém, um grande impulso nas atividades artísticas da cidade.

Em parceria com Osório Faleiros da Rocha, outro ilustre nome da nossa história, compôs a música do “Hino de Barretos”, dando vida à letra composta pelo grande parceiro.

Por ocasião da entrega de alguns convites de um concerto que iria reger, Aymoré do Brasil foi vitimado por um violento infarto, na cidade de São Caetano do Sul, que o levou, ainda em tenra idade, com grandes planos a executar em prol do desenvolvimento da música brasileira.

 

 

Osório Faleiros da Rocha

 

Nascido em 17 de março de 1885, na fazenda “Paraíso”, localizada na Vila de Franca do Imperador, hoje cidade de Franca, era filho do casal Francisco Rodrigues da Rocha e Ubaldina Elisa do Nascimento Rocha.

No ano de 1906, em sua cidade natal, deu início à carreira jornalística, escrevendo para o jornal “O Janota”.

Em Franca, exerceu a profissão de dentista prático licenciado. Em 4 de dezembro de 1907, contando com 22 anos de idade, viajando a cavalo e, enfrentando as intempéries da natureza, galgou a cidade de Barretos, atendendo ao convite do amigo e também dentista prático, José Garcia Vassimon (Zequinha Vassimon). Aclimatando-se à rotineira vida da cidade, ingressou no Cartório de Registro de Imóveis e Anexos que, na época possuía como titular, a histórica personalidade de Elyseu Ferreira de Menezes. Exerceu funções no cartório até o ano de 1914 e, embora não sendo formado em direito, através de provisão exerceu a função de advogado, ocasião, em que passou a ser funcionário da Coletoria Estadual, ocupando o cargo de Escrivão.

No período compreendido entre os anos de 1908 a 1915 redigiu o jornal “O Correio de Barretos”; no ano de 1911 “A Kermesse”; em 1917, “O Diário de Barretos” e colaborou ativamente durante a segunda fase do jornal “O Sertanejo”, o primeiro jornal de Barretos. Participou dos jornais “Tribuna de Barretos”, “Cidade de Barretos” e de vários outros. No dia 19 de julho de 1908, passou a adotar o pseudônimo “Caa-u-bi”, assinando matérias publicadas pelo jornal, “O Barretense”, então dirigido por Olímpio Campos e Mário de Oliveira. O primeiro dos “Esboços”, escritos por Osório tiveram origem em 19 de julho de 1908. Este título, que deu origem a tantas brilhantes matérias, acompanhou-o até o final de sua participação como grande e iluminado colaborador da imprensa barretense. O pseudônimo “Caa-u-bi”, utilizado por mais de sessenta anos, segundo Osório, significava “Folha verde”, tendo sido extraído do poema “Os Guaianás”, de autoria de Couto de Magalhães.

Nesta cidade conheceu e enamorou-se de Genoveva Hilda Franco (Vévinha), filha do casal Joaquim Alves Franco (Quinzóte) e Maria Osória de Carvalho Franco (Nicóta). Naquela época, o fato de ser flautista, de manusear as letras, transformando-as em versos, poesias, notícias jornalísticas e, de possuir a sensibilidade à flor da pele, que o impelia a executar grandes serestas ao lado do amigo Vassimon, impediram que o grande amor por Vévinha pudesse ser vivido em toda sua plenitude, por obra e graça do grande fazendeiro Quinzóte que, almejava para a prendada e recatada filha, um digno membro das tradicionais famílias barretenses.

Devido à persistência da filha, Quinzóte deu-se por vencido, permitindo que Osório fizesse a corte a Vévinha e, a 19 de outubro de 1912, este, levou a amada ao altar. Deste matrimônio nasceram os filhos: Paulo, Uriel, Maria Luiza, Maria Ruth e Maria Tereza.

Em 24 de dezembro de 1928, Osório formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco na cidade de São Paulo.

Foi ao lado de Jerônimo Serafim Barcellos e João Baroni, o grande responsável pela implantação do curso ginasial, pois, até então, a cidade só possuía um grupo escolar. A partir desta iniciativa foi fundada a “Sociedade Escolas de Barretos” e o Dr. Antonio Augusto dos Reis Neves, natural da cidade de Agudos, mudando-se para Barretos, fundou o Ginásio Municipal.

O dom divino da literatura que emanava de Osório fazia-se notar em todos seus magníficos trabalhos, transformando-se em versos, como a “Centúria de Honra”, no qual, escreveu cem perfis destinados às moças mais bonitas da época e, a venda deste magnífico álbum, foi totalmente destinada à instalação do primeiro ginásio barretense.

O grande artista Osório, criador de maravilhosos versos, flautista, seresteiro, foi também, criador da letra do Hino do Tiro de Guerra 512. Foi brilhante conferencista, excelente historiador, grande colecionador dos fatos publicados nos periódicos da cidade e, a partir da montagem destes recortes de jornais, surgiu um dossiê que, no ano de 1954 transformou-se no famoso livro “Barretos de Outrora”, um dos maiores marcos da história de Barretos.

Foi o grande responsável pelos “Apontamentos Genealógicos” referentes às famílias barretenses, e que deram origem a tantas outras pesquisas desenvolvidas por historiadores de Barretos e região. Foi professor de História, Português, Inglês e Francês, ministrando aulas em particular, ou no Instituto Comercial de propriedade de Antonio Guimarães e Pascoal Cúrcio; Ginásio Municipal; Colégio Santo André de propriedade das irmãs salesianas e, no Instituto de Educação.

Nos versos do grande poeta, foram homenageadas ilustres personalidades, belas

donzelas, memoráveis instituições, Barretos do coração, e ao escrever o livro “Barretos de Outrora”, demonstrou nitidamente o grande amor que nutria por esta terra, descrevendo em ordem cronológica, os mais marcantes fatos da nossa história.

Da preocupação em preservar a história de Barretos, nasceu “Cisalhas”, um estudo genealógico que abordava a história da maioria das famílias barretenses e, o “Fichário” que surgiu após muitos anos de árduo trabalho de coleta e armazenamento de informações sobre famílias e fatos aqui ocorridos. O livro “Barretos de Outrora”, as “Cisalhas” e o “Fichário do Osório”, como carinhosamente era chamado, serviram como parâmetro às pesquisas históricas, integrando o acervo do Museu “Ruy Menezes” graças à família do renomado autor e ao mestre Ruy Menezes, infelizmente, as relíquias tiveram fim trágico, desaparecendo misteriosamente do local no ano de 2004.

Osório Faleiros da Rocha faleceu na cidade de São Paulo, em 16 de abril de 1976.

 

OFICIALIZAÇÃO DO HINO

 

Através de Projeto de Lei n.º 27/84, datado de 03 de agosto de 1984, foi proposta pelo vereador e presidente da Câmara do Município de Barretos, Walter Leonel de Souza, secretariado por José Antonio Cornacchioni a oficialização do Hino de Barretos.

 

Senhores Vereadores:

 

CONSIDERANDO que, conforme preceitua o § 3.º, do Artigo 1.º da Constituição Federal, “Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios”;

 

CONSIDERANDO que, através de leis específicas, já foram instituídos e adotados o ESCUDO (Lei n.º 493, de 10 de agosto de 1954), e a BANDEIRA do Município de Barretos (Lei n.º 1.393, de 20 de agosto de 1974);

 

CONSIDERANDO que, a composição dos saudosos e ilustres mestres Prof. AYMORÉ DO BRASIL e Dr. OSÓRIO FALEIROS DA ROCHA, em homenagem a Barretos, embora praticamente adotada, não foi, contudo, oficializada como Hino Barretense;

 

CONSIDERANDO que, por sua vibrante melodia e por sua letra, plena do mais elevado sentimento cívico, a composição, tida como de fato, há que ser, em caráter oficial, o HINO DE BARRETOS, pelo que espelha e num justo reconhecimento aos dois ilustres vultos de sua história.

 

Pelo exposto, apresenta à consideração do Douto Plenário, o seguinte Projeto de Lei.

 

Projeto de Lei n.º 27 de 03 de agosto de 1984.

 

O PREFEITO MUNICIPAL DE BARRETOS:

 

FAÇO saber que, a Câmara Municipal de Barretos, Estado de São Paulo, aprova e eu sanciono a seguinte lei:

 

Artigo 1.º – fica oficializada como Hino de Barretos, a música de autoria do Prof. Aymoré do Brasil, cuja partitura torna-se parte integrante da presente Lei, e letra do Dr. Osório Faleiros da Rocha, do seguinte teor:

 

Estando à frente da administração municipal, o prefeito Uebe Rezeck, através da Lei n.º 1.941, datada de 28 de agosto de 1984, foi oficializado o Hino de Barretos com o seguinte texto:

 

Faço saber que, a Câmara Municipal de Barretos, Estado de São Paulo, aprova e eu, sanciono a seguinte Lei:

 

Artigo 1.º – fica oficializada como Hino de Barretos, a música de autoria do Prof. Aymoré do Brasil, cuja partitura torna-se parte integrante da presente lei, e letra do Dr. Osório Faleiros da Rocha, do seguinte teor:

 

Artigo 2.º – Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.

 

Sala das Sessões, 03 de agosto de 1984.

Walter Leonel de Souza

Vereador

 

Em 28 de agosto de 1984, o então prefeito Uebe Rezeck transformou o projeto em Lei n.º 1.941, oficializando desta forma o Hino de Barretos.

 

BANDEIRA DO MUNICÍPIO

 

Luiz Antonio Furlan

PROJETO

Em 8 de fevereiro de 1974 foi encaminhado à Câmara Municipal de Barretos, ofício sob n.º 85, salientando que, nas solenidades públicas oficiais estava sendo hasteada ao lado das Bandeiras do Brasil e do Estado de São Paulo, uma bandeira que não possuía as características adequadas, nenhuma base jurídica e nem estava oficializada por Lei Municipal.

Neste mesmo ofício, constava que a bandeira era composta por um retângulo em tecido na cor creme e, ao centro, via-se costurado uma reprodução em aplicação de tecido de feltro e sobre este, alguns rebordados, nos quais, figurava o Brasão do Município, e que, a mesma era portadora de erros grosseiros nas cores e nas formas. Foi então apresentado ao Poder Legislativo um anteprojeto de Lei sob nº. 1/74, que autorizava a promoção de um concurso público para que fossem apresentados à sociedade barretense alguns projetos, e assim, fosse estabelecida uma “Comissão Organizadora”, exigindo-se em seu § 3º. e artigo 3º, que a “Bandeira do Município” deveria primar pela beleza, simplicidade e originalidade, de maneira a permitir a sua reprodução com fidelidade e sem grandes dificuldades.

O anteprojeto foi aprovado e a 22 de fevereiro de 1974 foi transformado na Lei Municipal nº. 1.382, em seguida, através do Decreto nº. 2.881, datado de 25 de março de 1974 foi nomeada a Comissão Organizadora do Concurso Público para que o projeto da Bandeira Municipal fosse elaborado. A comissão ficou assim constituída: Dr. Matinas Suzuki – Presidente; Dr. Roberto Rios, Cônego Archimedes Gai, Dr. Sílvio Glauco Tadey Cembranelli e Alcebíades Menezes.

A partir desta nomeação, a comissão fez publicar no “Diário Oficial do Estado”, em todos os jornais da cidade e em todos os estabelecimentos de Ensino Superior de Belas Artes, um edital, no qual estavam convocados concorrentes para a apresentação dos projetos, devendo ser atendidos os seguintes parâmetros:

Cor – Deveriam ser utilizadas no máximo até as 4 cores, constantes no Brasão do Município, e deveriam coincidir com as da Bandeira Nacional e Paulista.

Módulo – Deveria ser igual ao Pavilhão Nacional.

Características – O projeto deveria primar pela originalidade, simplicidade, beleza, de modo a permitir sua fácil reprodução.

Em 5 de junho de 1974 foi encerrado o concurso, e nele inscreveram-se 46 candidatos, sendo apresentados 70 trabalhos, que foram expostos à visitação pública, e através de uma urna disposta no local, foram colhidos os votos dos visitantes do projeto mais adequado para representar o

município.

A concorrida exposição contou com as presenças de 970 visitantes, mas, a preferência popular recaiu num trabalho, que infelizmente não alcançou os requisitos pré-estabelecidos pela comissão organizadora.

A comissão selecionou os trabalhos apresentados, optando por unanimidade pelo projeto apresentado por Luiz Antonio Furlan, na época, aluno do 5º. ano do curso de Engenharia Civil da Fundação Educacional de Barretos. O projeto foi oficializado em 20 de agosto de 1974, sob força da lei nº. 1.393.

Características da bandeira do município de Barretos: Bandeira com módulos iguais aos da Bandeira Nacional, com duas faixas verticais, verde e amarela, ocupando o terço esquerdo do retângulo, sendo que deste os dois terços restantes são em vermelho; no meio das faixas verde e amarela, um círculo em branco com a silhueta vermelha do mapa do Estado de São Paulo, na qual, uma estrela branca de cinco pontas marca a posição geográfica do Município de Barretos.

 

Simbolismo Plástico:

 

 

Nas cores do Brasão, verde, vermelho e branco, simboliza-se Barretos em São Paulo e este no Brasil.

As quatro cores da Bandeira do Município são: vermelho, verde, amarelo e branco. As mesmas são coincidentes com as cores da Bandeira Brasileira, da Bandeira Paulista e constantes do Brasão da cidade.

Módulo: Igual ao da Bandeira Nacional

Cores:

Vermelho: Em heráldica, significa lutas, guerras, também virtudes e grandezas.

Verde: Simboliza a riqueza pastoril do município e por extensão, o gênero de atividade tradicional dos seus habitantes.

 

 

HE! HE! CHÃO PRETO, TERRA BOA É BARRETOS!

 

Urbano França Canoas

 

Todas as cidades possuem símbolos que as destacam e, quando Barretos completa 165 anos de sua fundação oficial, destacaremos os principais ícones do nosso amado “Chão Preto” danado de bom, apelido carinhosamente atribuído ao nosso torrão por Urbano França Canôas, poeta, cronista, advogado e jornalista, nascido em Sacramento (MG), em 22 de Setembro de 1919, e falecido em São Carlos (SP) em 31 de Março de 2010.

Em agosto de 2004, residindo na cidade de São Carlos, Urbano elaborou crônica em homenagem aos 150 anos de fundação oficial de Barretos, ele descreveu a razão da célebre frase: Diz a história mais aceita, que a denominação da cidade de Barretos (SP), como “Chão Preto”, nasceu em uma peça burlesca, levada a palco, em São Paulo – Capital, nos idos anos de 1924, quando um ator, trajando-se como um homem do campo, como um verdadeiro “caipira”, no linguajar popular, entrava em cena e, sacando de uma velha garrucha, disparava dois tiros para o alto, gritando com voz de bravo: – “Eh! Chão Preto, terra boa é Barreto!

Como se vê, o referido personagem não falava Barretos para rimar, ao que parece, com “preto”.

Urbano seguiu dizendo: A cidade de Barretos era, naqueles tempos, conhecida e tida como valhacouto de bandidos e facínoras, como Philogônio Reis e Aníbal Vieira; além de manter um afamado meretrício composto de lindas mulheres importadas até da França e da vizinha cidade de Uberaba (MG). Essas mulheres, da chamada vida airosa, eram trazidas pelos “coronéis” políticos e fazendeiros que, na aparência, eram homens probos e honestos chefes de família que “ornavam” a mais alta sociedade de então.

Em 1948, através das colunas do jornal “O Correio de Barretos”, começou a escrever, sob o pseudônimo de “Urbanus”, a coluna intitulada “CHÃO PRETO”, onde, por dezessete anos relatou fatos da cidade, a exaltou, bem como, aos seus habitantes, terminando suas crônicas sempre com a expressão “Eh! Eh! Chão Preto”.

 

FRANCISCO DE ASSIS BEZERRA DE MENEZES – “BEZERRINHA”

 

 

Francisco de Assis Bezerra Filho foi o 4.º filho do casal Francisco de Assis Bezerra e Ilnah de Lima Bezerra. Nasceu nesta cidade, aos 12 dias do mês de abril do ano de 1920, na Praça Francisco Barreto n.º 143.

No ano de 1951 gravou ao lado do cantor Albertinho Fortuna sua primeira música “Triste Quarta-Feira”.

Ao final do ano de 1953 venceu com a música “Perfil de São Paulo”, o concurso para a escolha da música símbolo do IV Centenário da cidade de São Paulo, na qual, descreveu a cidade da garoa como ninguém. Esta composição presenteou-lhe com 26 gravações, nas vozes de Inezita Barroso; Sylvio Caldas; Conjunto Farroupilha; Titulares do Ritmo; Jair Rodrigues; Agnaldo Rayol; Luiz Arruda Paes e muitos outros. A música favorita do Ex-Presidente da República Costa e Silva teve várias gravações diferentes, sendo apresentada até em Portugal.

Nunca teve parceiros em suas composições. Compunha suas músicas ao piano, tendo sempre ao seu lado sua musa inspiradora e incentivadora Lygia. Compôs aproximadamente duzentas músicas: sambas-canção, sambas-exaltação, valsas, músicas regionais e até música religiosa em homenagem a Nossa Senhora. Suas composições foram gravadas por: Linda Batista: Exaltação ao Rio; Suely Figueiró – Foi sem Querer; Inezita Barroso – Perfil de São Paulo e Burro Xucro; Sylvio Caldas – Perfil de São Paulo – 1ª. Gravação em 1954; Miltinho: Pijama Listrado e Contrastes; Conjunto Farroupilha: Perfil de São Paulo – Rio – Rio; Helena de Lima – Quando a Saudade Chegar – Nome do Disco; Titulares do Ritmo – Perfil de São Paulo; Jair Rodrigues – Perfil de São Paulo; Luiz Arruda Paes – Perfil de São Paulo; Barretos 1910 – Durval e David; Festa do Peão – Estudante e Escritor; Peão Bicharedo – Antonio Borba; Peão de Boiadeiro – Durval e David; Rancho de Barretos – Simonal e Simonel; Teu Nome é Barretos – Antonio Borba; Palavra de Peão – Roxinho e Roxão; Burro Xucro – Praião e Prainha.

No ano de 1955, na capital paulista, depois do lançamento da música no           “I Festival Brasileiro do Disco”, organizado pelos “Diários Associados”, foi merecedor de dois troféus “Guarani”, como “Melhor Compositor” e “Melhor Música Nacional”. Grandes representantes da música popular brasileira gravaram seus sucessos: Miltinho, Rosana de Toledo, Jair Soares, Izaurinha Garcia, Linda Batista, Luiz Vieira, Sueli Figueiredo e muitos outros.

Demonstrou seu imenso amor por esta terra, através de composições como Barretos 1910; Festa do Peão (Vento Gelado); Peão Bicharedo; Peão de Boiadeiro; Teu nome é Barretos; Palavra de Peão e Burro Xucro. Compôs, cerca de 200 músicas: sambas-canção, samba-exaltação, valsas e músicas regionais e religiosas.

 

TEU NOME É BARRETOS

 

 

Barretos, teu nome eu ouvi,

Nas cantigas das rodas de um carro-de-boi

Alguém deve contar pra cascata saber,

Que ela fica mais linda ao luar!

 

Barretos é um grito de adeus,

É uma prece pra Deus ao pé do estradão,

É a resposta que vem num instante,

É a voz que um berrante, traz no coração!

 

Cigarras cantando no esguio,

O luar sobre o rio,

O ipê todo em flor,

 

Saudade pedindo outra vez,

Que eu volte de vez pra ver meu amor!

 

Quem é que não ouve no ar?

O alvoroço da mata, aonde sol vai nascer,

Alguém deve contar pra cascata saber,

Que ela fica mais linda ao luar!

 

 

FESTA DO PEÃO (VENTO GELADO)

 

 

VENTO GELADO

BATENDO EM MEU ROSTO

ME DIZ QUE É AGOSTO

FLORADA DO IPÊ NO SERTÃO

 

DIZ QUE EU ME ESQUEÇA,

DE TODOS APERTOS,

QUE EU VÁ PRÁ BARRETOS,

PRÁ FESTA DO PEÃO.

 

EU SINTO AQUELE ABRAÇO

ME AQUECENDO O CORAÇÃO

O ABRAÇO DE BARRETOS

FAZ DO INVERNO, OUTRO VERÃO

 

A FESTA NÃO TERMINA

UM SEGREDO ELA TEM

A GENTE FICA EM FESTA

ATÉ CHEGAR O ANO QUE VEM

 

NÃO VOU PERDER ESSE FESTÃO

EU VOU ME EMBORA PRA FESTA DO PEÃO (BIS)

 

 

 

No ano de 1962, o independente Paulo Tupynambá traçou um desenho, constando a figura de um peão de boiadeiro em plena montaria, saudando o público com um chapéu numa das mãos e, outra, na sela. Nesta época, estava na presidência do clube o independente Sérgio Carreira, que aprovou a idéia, acrescentando-lhe alguns pequenos detalhes. Para melhor identificação da chamada “Roseta”, Sérgio determinou que fosse confeccionado ao redor do desenho do peão, um círculo de cor vermelho vivo, onde, constariam os nomes do clube e da Festa. Estava, enfim, criada a logomarca de “Os Independentes”. Nesta ocasião, com intuito de publicidade do evento, o presidente determinou que fossem confeccionados vários adesivos na capital do Estado para serem utilizados nos vidros dos automóveis.

 

 

IPÊ AMARELO

 

 

O ipê amarelo adorna a cidade com suas belas flores durante o mês de agosto, quanto ela aniversaria, recebendo com sua exuberância, os milhares de turistas que visitam a tradicional Festa do Peão de Boiadeiro.

Por ocasião das comemorações do “Sesquicentenário” de fundação oficial de Barretos, ocorrido em 25 de agosto de 2004, a Academia de Letras e Artes de Barretos – ALAB, mentora do “Bosque dos Ipês” localizado na Região dos Lagos, local, onde foram plantadas cento e cinqüenta mudas de ipês amarelos, em homenagem aos barretenses que foram destaque nos diversos setores da cidade, desde a sua fundação.

 

 

Reverenciado pelos maiores expoentes da poesia e da música, pela beleza da sua florescência quando Barretos aniversaria, o ipê amarelo foi elevado à categoria de árvore-símbolo do município, através do Decreto nº 5.771, datado de 10 de setembro de 2004, pelo então prefeito Uebe Rezeck, em atendimento a solicitação da ALAB.

 

 

 

 

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