Pacientes intubados são amarrados por falta de medicamentos, dizem médicos de hospital da Zona Norte de SP
Sem medicamentos para sedação de pacientes intubados, médicos do Hospital Municipal da Vila Brasilândia, na Zona Norte da capital paulista, afirmam que estão sendo obrigados a amarrar mãos e pés dos internados, para que eles consigam suportar a dor.
Com 94% dos leitos de UTI ocupados, e novos infectados por Covid-19 que não param de chegar, três médicos do hospital, que pediram para não ser identificados, contaram ao SP2 como tem sido lidar com pacientes nessas condições.
“Está faltando vários insumos… faltando sedações, faltando luvas,faltando atadura, itens essenciais para o bom tratamento dos pacientes no maior hospital de campanha de Covid do estado de São Paulo”, disse um deles.
De acordo com os funcionários do hospital, só há no estoque remédios necessários para fazer o procedimento de intubação, não para manter os doentes graves sedados e imóveis, evitando o desconforto. O efeito desses medicamentos dura poucos minutos.
“A medicação para intubar são medicamentos para induzir. É um hipnótico junto com um bloqueador neuromuscular que você faz a intubação. Depois, passam cinco minutos e esse paciente acorda, depois que está intubado. E aí é o problema! Não tem sedação, não tem analgesia para esse paciente ficar no tubo. Então ele fica acordado no tubo, entendeu? O que pode ocasionar vários problemas. Vários problemas relacionados ao pulmão, que podem levar ao óbito do paciente”, afirmou o médico.