Número de denúncias online de violência doméstica bate recorde em março no estado de SP

Foram quase 3 mil registros em todo o estado, quatrocentos a mais do que o recorde anterior, registrado em janeiro.

O número de mulheres que procuraram a polícia para fazer denúncias pela internet depois de sofrer violência doméstica bateu recorde em março no estado de São Paulo, segundo dados da Secretaria Estadual da Segurança Pública.

Foram quase 3 mil registros em todo o estado (2.828), quatrocentos a mais do que o recorde anterior, que havia sido registrado em janeiro deste ano. Em média, o valor é equivalente a um caso a cada dezesseis minutos.

Os números levam em conta apenas os registros online, que começaram a valer em março do ano passado, no início da pandemia.

A violência dentro de casa de uma das vítimas durou dois anos. Foram ameaças e agressões, físicas e verbais. A mulher, que não será identificada por segurança, resolveu procurar ajuda da polícia quando o companheiro levou uma arma para casa.

“Não posso falar com ninguém, ter contato visual com ninguém. Se ele achar que eu estou olhando pra alguém ele já pode surtar”, afirma.

Foram dois boletins de ocorrência em seguida feitos pelo celular, e a polícia apareceu no portão da casa dela. “Quando eu vi a luz lá fora eu fiquei bem mais tranquila. Deu uma sensação de alívio, sabe?”

Os casos de violência doméstica se repetem no estado. Nesta sexta-feira (23), um homem agrediu a mulher, que está grávida, em São Vicente, no Litoral do estado.

Vizinhas apareceram para ajudar, mas uma delas foi atropelada pelo agressor. Na fuga, ele ainda arrebentou o portão do condomínio. A vizinha quebrou a perna e está internada.

A coordenadora da Delegacia da Mulher (DDM) online, Mônica Pescamora, afirma que os casos estão aumentando em 2021.

“É um crescimento perceptível. De abril até dezembro [de 2020], tivemos 16 mil registros. E de janeiro a abril, estamos falando de quase 9 mil ocorrências. Então já demonstra o crescimento ainda maior. Em um turno de 12 horas já foram registrados mais de 150 boletins de ocorrência”, diz.

A Casa da Mulher Brasileira, no Cambuci, região Central da capital, também percebeu um aumento de atendimentos nos últimos meses. O local oferece acolhimento a essas vítimas, inclusive com alojamento provisório para quem precisa sair de casa.

“Muitas mulheres ainda sofrem os preconceitos da sociedade. Elas são culpabilizadas porque não querem pedir ajuda ou porque ‘estão acostumadas a viver essa violência’, ‘estão acostumadas a apanhar’, é terrível esse tipo de pensamento, mas elas ainda são afligidas com esse tipo de fala e esse tipo de repertório”, diz a coordenadora da Casa da Mulher Brasileira, Ana Cristina de Souza.

fonte : G1

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