Erika Borges escreve sobre  “Flores de Ipê”

Flores de Ipê
Após longos dias frios, apáticos e secos; em muitas regiões mais apáticos e secos do que frios, chega a tão esperada primavera!
Que alegria ver o verde novamente se renovando após as primeiras gotas de chuva, as flores desabrochando e trazendo beleza e perfume às ruas, praças e campos.
Aos poucos um vasto colorido vai substituindo o cinza árido do inverno, e os olhos se deslumbram a todo momento com tamanha beleza. Com o passar dos dias, vamos nos acostumando ao multicolorido que novamente a natureza nos apresenta, e a euforia do encantamento vai sendo ofuscada.
As flores disputam entre si o mais fascinante concurso de beleza, se pouparam todo o inverno para chegarem com esplendor à primavera. Enquanto todas se encontram renovadas e viçosas para a primaveril competição, a flor de ipê se despede ressequida, mas feliz…
Ao passo que as outras se preparavam para o deslumbrante desfile da estação das flores, ela não poupava esforços para tentar deixar o inverno menos lívido, mesmo que isso lhe custasse o alto preço, de jamais chegar a conhecer a primavera.
As folhas do pé de Ipê, assim como de todas as outras árvores, vão caindo no outono por não serem mais capazes de serem alimentadas pelas suas sedentas raízes. Quando a vida parece não reinar mais na natureza, e tudo se torna frio e inexpressível, as flores de ipê invadem campos e cidades numa esplêndida magia, que apesar de solitária é capaz de trazer mais cor e alegria ao inverno, do que qualquer outro buquê.
Após ter conseguido realizar seu propósito, humildemente vai se retirando para dar espaço ao tão esperado espetáculo policromático da natureza.
Que possamos também ser singelas flores de ipê no inverno de alguém, não medindo esforços e energia, para trazermos beleza, perfume e alegria a esse mundo cada vez mais frio, apático e árido.

Erika Borges

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