Erika Borges aborda o tema: Inclusão:  Deficiência x Ineficiência

Desde a antiguidade, onde crianças nascidas com deficiência eram condenadas à morte, por serem consideradas um fardo para a sociedade, seres desprovidos de alma, até os dias atuais, em que se busca a inclusão em diversas áreas, houve um longo caminho de luta, e ainda há, pois a verdadeira inclusão, onde o indivíduo consiga exercer plenamente todos os seus direitos e desejos, ainda é falha.
Mesmo com várias políticas inclusivas, uma sociedade mais consciente, inúmeras tecnologias e meios de comunicação, pessoas com deficiência encontram muitas barreiras e dificuldades, que as impedem ou dificultam de terem pleno acesso ao lazer, aprendizagem e ao cotidiano em geral.
A deficiência jamais foi ou será sinônimo de ineficiência, e a prova disso são inúmeros famosos e anônimos, que não deixaram de seguir seus sonhos e realizá-los, por conta de possuírem alguma deficiência, desde que nasceram, ou a tê-la adquirido no decorrer da vida.
Entre os infinitos nomes desses guerreiros pelo Brasil e o mundo estão:
Ludwig Van Beethoven, um dos maiores compositores clássicos do mundo, que aos 28 anos começou a ouvir muito mal, e nos últimos anos de sua vida ficou completamente surdo, tendo uma de suas maiores composições, a sinfonia nº 9, sendo criada na imensidão do silêncio que o cercava.
Stephen William Hawking, físico teórico e cosmólogo britânico reconhecido internacionalmente, que foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica ainda na juventude, que o paralisou gradualmente ao longo de décadas. Mesmo após a perda da capacidade de falar, ele ainda era capaz de se comunicar por meio de um dispositivo gerador de fala, sendo um grande exemplo de superação, realizando grandes descobertas e trabalhos, mesmo após estar completamente paralisado.
Marcelo Rubens Paiva, escritor brasileiro que aos 20 anos de idade sofreu um acidente ficando paraplégico. Logo após o acidente se viu tetraplégico, com muita garra e inúmeras seções de fisioterapia, conseguiu recuperar parte dos movimentos, não deixando também, seus sonhos para trás, escrevendo várias obras após o acidente, sendo um dos seus maiores sucessos Feliz ano velho, que conta sua linda trajetória de vida e superação.
Daniel de Farias Dias, nadador paraolímpico, que mesmo tendo nascido com má formação congênita dos membros e perna direita, nunca deixou de lutar, apesar de todas as dificuldades para alcançar seus objetivos, sendo orgulho para nação ao representar o Brasil e ganhar várias medalhas.
O mundo está cheio de “Daniéis”, “Marcelos”, “Stephens”, “Beethovens”, “Joãos” e “Marias”, que precisam ser incentivados, acreditados e preparados para também poderem dar sua contribuição ao universo.
É uma vergonha para a sociedade, que muitas pessoas com deficiência sejam ainda descriminadas, excluídas; desprovidas de seus direitos e sonhos, mesmo dentro do paradigma da inclusão, pois não basta incluir, apenas lança-las nos ambientes sociais , é preciso romper barreiras para que consigam participar ativamente de todas as atividades, não apenas coexistirem.
Escolas não devem somente garantir o direito de pessoas com deficiência à matrícula no ensino regular, mas sim fazer com que aprendam e permaneçam nelas; empresas não podem contratá-las, apenas para cumprirem a lei, deixando-as em cargos inferiores, impossibilitando-as de mostrarem seu valor e de buscarem novas oportunidades. Ruas, calçadas, transportes públicos, devem estar livres de barreiras que as impeçam ou dificultem de terem autonomia.
Parques, cinemas, peças de teatro, shows, hotéis, restaurantes, entre outros, ainda precisam de muitas mudanças para conseguirem atender com qualidade as necessidades de surdos, deficientes visuais, físicos e cognitivos, concomitantemente.
A inclusão é uma luta com acertos e erros, conquistas e derrotas, que vem perpassando séculos. Hoje em pleno século XXI com toda a sua globalização e tecnologia, pode-se afirmar ,que muito foi feito e ainda há de se fazer, para que pessoas com deficiência sejam cidadãos realmente pertencentes à sociedade, tendo todos seus direitos garantidos como qualquer indivíduo, que se depara com dificuldades no decorrer da vida, e luta para realizar seus objetivos.
As pessoas com deficiência têm um caminho muito mais difícil a ser percorrido para alcançarem suas metas. O Estado, os governantes, os poderes públicos e cada um de nós, tem o dever de contribuir para o rompimento de barreiras, que as impedem e aprisionam, em contra partida também, elas e seus familiares, têm que exigir seus direitos, pois só assim, distâncias serão encurtadas e todos terão a mesma chance perante o vasto leque de oportunidades que a vida oferece.

Erika Borges

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