Destaque: A tradição da família Muzetti Andrade

“A união e o orgulho as nossas raízes sempre foram pilares muito fortes da minha família. Por isso, é uma alegria poder contar um pouco da nossa história e como tudo começou”, diz Tatiane Muzetti.

Meu avô, Mario Muzetti, pai de minha mãe Marta Muzetti foi quem começou esta história na pecuária leiteira e no agronegócio. Tendo em suas propriedades rurais o gado leiteiro.

Minha mãe conta que na fazenda da família tudo era muito rústico, não se tinha um curral coberto, meu avô e os peões ordenhavam o gado no curral, expostos as intempéries do tempo, sentado em banquinhos. E a lida começava à meia noite, pois todo o leite tinha que estar retirado até às 7h da manhã, horário em que o leiteiro passava para busca-lo. Eram mais de mil litros de leite retirados diariamente e manualmente.

Desde muito pequena, mais precisamente aos 4 anos de idade, minha mãe já acompanhava meu avô Mário Muzetti na rotina da fazenda. Acordava às 4h da manhã e ia ajudar abrindo a porteira para soltar os bezerros um de cada vez quando se terminava de tirar o leite de uma vaca. O que te trouxe uma vivência intensa e memórias muito ricas e de muito amor da sua infância.

Sempre criada nesse meio rural, ela conta que conheceu meu pai em uma festa tradicional que meu avô fazia anualmente no primeiro dia do ano onde reunia toda a família na fazenda. Em uma destas comemorações o meu pai que era amigo de um de seus primos foi convidado a ir. Foi desde esse primeiro encontro e troca de olhares por parte do meu pai que a história dos dois começou a ser escrita. Determinado meu pai ao vê-la pela primeira vez já disse: “Eu vou casar com você”!

Mas foi no Baile de Ano Novo de um dos clubes tradicionais de Barretos, União dos Empregados do Comércio, que eles ficaram juntos e assim estão a 51 anos.

Ouvir essas histórias da minha mãe me faz lembrar da minha infância. Onde eu era acordada com o som das vacas mugindo no curral, rapidamente me levantava e já pegava a caneca, colocava açúcar e café, e ia para o curral tomar o leite tirado na hora. Eu amo o cheiro do curral porque me leva exatamente a essas vivências que me fizeram e me fazem muito feliz.

Meu pai, Afonso, não veio do mundo rural e nem mesmo do agronegócio, mas se eu pude ter essas boas experiências na minha infância eu também devo a ele, que herdou esta tradição e deu continuidade ao negócio dos meus avós.

Vindo de uma história de trabalho dentro da construção civil, ele teve que aprender como era a vida no campo. Não demorou para que ele começasse a modernizar o meio rústico da fazenda e da ordenha de leite, aprimorar o gado, e o resultado foi que em pouco tempo se tornou o segundo maior produtor de leite de Barretos. Tendo resultados positivos com o negócio. Com o passar dos anos tudo foi mudando, minha mãe se recorda que o valor do litro de leite custava o mesmo que o litro da gasolina, o leite era um produto valorizado, um negócio rendável.

Já não é a mesma realidade que vemos atualmente. Houve um retrocesso na pecuária leiteira. Falta incentivo do Governo Federal, um olhar mais clínico aos pecuaristas por parte dos deputados e senadores, segundo meu pai.

Eu Tatiane Muzetti, vejo que falta a valorização do mercado interno. Com toda essa dificuldade vemos que grandes produtores criaram o seu sistema próprio para conseguirem sobreviver a esta nova realidade do mercado. Como a criação de lacticínios, produção de queijo e derivados do leite.

Minha mãe é um grande exemplo desta mudança, ela faz queijos e doces até hoje. Deliciosos inclusive! Que aprendeu com a minha avó aos 7 anos de idade.

Como veem, tenho grandes exemplos de força, determinação, união e resiliência. Meus pais souberam atravessar todas essas fases e mantiveram a nossa tradição até hoje. Como família temos como base a união, e eu tenho um grande orgulho de ter estas tradições preservadas, onde hoje posso passar aos meus filhos.

A cultura sertaneja, o agronegócio faz parte não só da minha história de vida, mas se entrelaça na de todos os barretenses. Essas são as nossas raízes que não devem ser esquecidas e sim lembradas e valorizadas.

Tatiane Muzetti
Barretense e apaixonada por Barretos

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.