DEIC faz força-tarefa para identificar donos de celulares recuperados em operação
Mais de 850 aparelhos eletrônicos foram apreendidos no centro de São Paulo.
A Polícia Civil, por meio da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais), iniciou uma força-tarefa para identificar os proprietários dos aparelhos eletrônicos e celulares apreendidos durante a Operação Off Line 2, realizada na terça-feira (21), no centro de São Paulo.
De acordo com o delegado Wagner Carrasco, serão necessários alguns dias para que os policiais consigam levantar as informações de todos os aparelhos eletrônicos, cruzar com os boletins de ocorrências registrados e contatar as vítimas para irem até a delegacia. “É um trabalho que acaba demandando algum tempo, porque é preciso fazer o levantamento de todos os IMEIs, no caso de celulares, e confrontar com os registros de boletins de ocorrências”, explicou.
Segundo o delegado, esse trabalho é necessário porque a polícia só consegue devolver o aparelho depois de confrontar as informações com o registro policial. Por isso, é preciso que os donos de celulares aguardem o contato dos investigadores.
Foram apreendidos 853 aparelhos, entre celulares, tablets, notebooks e smartwatches. No caso dos outros equipamentos, que não possuem IMEI, os policiais vão confrontar o número de série com os dados dos boletins de ocorrência.
Ontem, os policiais começaram a receber as primeiras vítimas na delegacia. O trabalho ainda segue nos próximos dias. Os donos são chamados para reconhecer o objeto, prestar depoimento e assinar a documentação para retirada do produto.
Registro on-line do boletim de ocorrência
O executivo de vendas Bernardo Penella esteve na sede do DEIC na terça-feira. Ele foi uma das primeiras vítimas chamadas para retirar o telefone celular. Ele foi roubado por criminosos na madrugada de domingo (19), quando caminhava em direção à estação de metrô na região da Luz.
“Cheguei em casa e a primeira coisa que fiz foi pegar o computador e entrar na delegacia eletrônica para registrar o boletim de ocorrência e pedir o bloqueio do IMEI”, contou. Ele deixou a delegacia menos de meia hora depois, com o aparelho. Para Penella, ter conseguido recuperar o telefone celular trouxe uma “sensação de alívio”.
Uma assessora de investimentos que preferiu não se identificar também conseguiu recuperar o telefone celular. Ela é de Goiânia (GO) e veio a São Paulo para assistir a um show no fim de semana. No sábado (18), ela foi com amigos a um bar na região da rua Augusta, mas acabou roubada na saída do estabelecimento.
Após o assalto, ela voltou para o hotel e procurou a Polícia Militar. A jovem registrou o boletim de ocorrência e informou o IMEI do aparelho. “Foi tudo rápido, e recuperar o celular foi muito importante, ajuda um pouco a aliviar o susto”, afirmou. Depois de prestar depoimento na delegacia ontem, a vítima assinou a documentação e retirou o aparelho.
Investigação da Polícia Civil
O delegado explicou que o registro do boletim de ocorrência é um dos parâmetros utilizados pelas equipes para investigar os crimes. Apesar de as vítimas informarem a localização do celular após o crime, mostrada por aplicativos de localização e rastreamento, não é possível para a polícia agir apenas com esta informação. Em muitos casos, os celulares vão parar em prédios no centro de SP – locais usados pelos criminosos para dificultar a ação da polícia –, mas é preciso ter autorização judicial para que seja realizada uma busca.
Foi o que aconteceu ontem, durante a segunda fase da Operação Off Line 2. Segundo Carrasco, o serviço de inteligência do DEIC já havia identificado que um ponto da rua dos Guaianazes, nos Campos Elíseos, funcionava como uma central para receptação de celulares e eletrônicos furtados ou roubados.
“Os objetos eram guardados em depósitos, em imóveis residenciais e, quando achavam conveniente, os criminosos retiravam esses produtos do local para colocar novamente no mercado, seja para remover peças ou até mesmo para remeter a maioria dos celulares para países da África”, explicou o delegado. A quadrilha escolhe países do continente africano pelo fato do bloqueio das operadoras nacionais não atingir as operadoras de lá, possibilitando o uso dos aparelhos subtraídos no Brasil.
Diante da informação, a Polícia Civil fez o pedido de 15 mandados de busca e apreensão em endereços da região central. Em um dos locais, os investigadores prenderam em flagrante dois suspeitos de receptação — um homem de 35 anos e uma mulher de 23 anos.
“A sistemática criminosa era usar o ponto para receptar esses aparelhos”, contou Carrasco. Ao todo, a polícia conseguiu recuperar mais de 850 produtos eletrônicos, sendo a maioria celulares. Ainda conforme a investigação, os aparelhos foram furtados durante shows realizados na capital paulista, em grandes eventos, também no interior de São Paulo e em outros estados.