Hilando Fino: Um novo ou Natural Feminismo?

No próximo dia 06 de outubro sexta-feira às 20:00 horas na sede do Sinsprev – rua: 4 nº 69 (Avs. 29×31), será lançado em Barretos a versão em portugues do livro Hilando Fino da escritora a ativista Boliviana Julieta Paredes,com a contribuição das mulheres do Feministas-comunitarias do Brasil. Julieta Paredes é Boliviana do povo Aymara e uma das fundadoras do Feminismo-Comunitário, Feminismo-Comunitário nasceu na Bolívia mas hoje está presente em Abya Yala (América Latina) em vários Países.
No lançamento do livro estarão presentes algumas representantes do Tecido (como elas chamam os núcleos) de Pindorama Brasil, como os povos originários definem o Brasil.
No livro Hilano Fino, Julieta e suas camaradas de luta declara traz reflexões sobre as lutas das mulheres e apresenta sua organização Feminismo-Comunitario como uma Organização do Povo, debatemos que não está em questão simplesmente uma postura anti homem, mas uma claridade profunda, sobre as questões que definem o patriarcalismo colonialista e sua organização social capitalista como o inimigo a ser enfrentado para a constituição de uma sociedade justa construída por mulheres e homens, sem subalternidade a nenhum de seus membros.
Logo no primeiro capítulo a autora define com clareza qual o conceito do Feminismo-Comunitário, “as mulheres são a metade da humanidade e esta é uma realidade desde sempre”, mas muitas vezes a visão-de-mundo é construída pelo imaginário patriarcal que busca aprisioná-las e reduzir a existência das mulheres e lugares subalternos (inferiores), e sem transcendência, mas questiona: “somos a metade de tudo, do mundo do trabalho, dos povos originários, dos/as afrodescendentes, dos/as jovens, ou seja, de tudo. Então, a questão chave é discutir as relações socioeconômicas, étnicas e culturais em todos os multi universos em que a mulher está inserida, em todas as dimensões: sociais, políticas, econômicas e culturais.
O sistema do capitalismo dominante ao perceber que o liberalismo original ao libertar os pensamentos criava empecilho para o avanço da exploração infinita, pelo capital, da economia socialmente produzida, recria na chamada escola de Chicago (os chigado boys), a tese do “novo liberalismo” ou neoliberalismo, onde separa apenas a economia para ser liberada apenas aos grandes capitalistas dos centros imperialistas e (uma gorjeta para o seus operadores periféricos), e que o velho conservadorismo do preconceito, do patriarcalismo, do machismo, do racismo, do fundamentalismo e a desigualdade social (que o liberalismo tradicional-em tese- combatia), eram e são um instrumento para o aprofundamento predatório do capitalismo colonialista de sempre.
Em Hilano Fino, Julieta , definem que o neoliberalismo deve ser o centro do combate para a construção de um mundo melhor e a luta e sabedoria das mulheres são essenciais na compreensão desse processo de análise em que coloca o colonialismo histórico e suas versões internas serviram de base para as políticas de “ajuste” (ou arrocho) neoliberal na Bolívia e em toda a América Latina, ignorando suas multi etnicidades culturais, gerando um imaginário estético racista, preconceituoso e discriminador dos corpos dos povos subalternizados para serem superexplorados marcando com mais severidade os copos das mulheres com o colonialismo (social, econômico e cultural-grifo.).
Nessa visão ultra-liberal, o estado social é destruído e transformado em uma instituição de aprofundamento do controle social, (pois sabem que haverá reações), numa espécie de árbitro parcial dos interesses transnacional, passando todo o processo de economia da produção para o tal deus-mercado, citando o caso de seu país a Bolívia onde se pensava o desenvolvimento apenas para as elites locais (gerentes das verdadeiras elites imperialistas) do norte ocidental.
No final a autora apresenta as feministas autônomas ou mulheres criando comunidades, a partir do chamado caminho de Beijing (Pequim) – Conferência Mundial sobre as Mulheres, da ONU em 1995 com o documento “Dignidade e Autonomia”, em que as mulheres cobrava o direito de falar por si mesmas, sem interferência de representantes de partidos neoliberais e das ONGs, passando se a considerar as visões das mulheres dos setores populares se contrapondo ao patriarcalismo colonial e acidental, criando uma ruptura epistemológica com o feminismo do ocidente contrapondo o feminismo da igualdade com o da diferença. O texto é mais profundo, simples e didático, vale a pena ler.

p/José Geraldo Resende.

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.