Canil da PM comemora 73 anos de salvamentos improváveis, apreensões e combate à criminalidade
Em sete meses, os cães já localizaram mais de 2,5 toneladas de drogas e 38 explosivos
Desde os primórdios da sociedade, o cão é considerado o melhor amigo do homem. Mas ele também é um grande aliado da Polícia Militar de São Paulo no combate à criminalidade. Graças ao olfato apurado, ele está presente nas mais diversas ocorrências, ajudando a localizar todo tipo de material, por mais pequeno que seja, desde uma pequena fração de droga a uma pessoa desaparecida.
É neste contexto que o 5º BPChq, conhecido como Canil da PM, vem atuando ao longo de seus 73 anos, comemorados na manhã desta sexta-feira (15), em uma solenidade realizada na sede da tradicional unidade, localizada no Tremembé, zona norte de São Paulo, que contou com a presença do Secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite.
Recentemente, a unidade teve forte atuação no combate ao crime organizado na Baixada Santista, fato destacado pelo chefe da Pasta. “Ser uma unidade que pertence ao Comando de Policiamento de Choque carrega uma grande responsabilidade. No combate ao crime organizado, sabíamos do potencial e da capacidade do canil do 5º BPChoque, que foi provado durante a Operação Escudo, desempenhada para enfraquecer os criminosos”, disse.
“Cada quilo de droga que os senhores recolhem das ruas, salva a vida de um cidadão. Vocês trabalham retirando das ruas os entorpecentes já distribuídos em locais de difícil acesso e de alto risco. É uma tropa de operações especiais no seu limite de capacidade. Que tenhamos a coragem que nossos próprios cães nos ensinam, que não recuam ante o perigo. Cada passo que vocês dão na direção de vencer a criminalidade, é um aplauso do cidadão de bem”, ressaltou o coronel Cássio, comandante-geral da PM.
Durante a cerimônia, ainda foi entregue a medalha “Cinquentenário do 5BPChoq” a 39 personalidades que, de algum modo, contribuíram com o desenvolvimento dos trabalhos do Canil.
O 5º Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) – Canil, que conta com cerca de 56 cães, é pioneiro no uso dos cães como policiais. Além dele, existem 28 canis setoriais que respondem à sede, com cerca de 280 cachorros espalhados pelo estado. Eles auxiliam no combate ao tráfico de drogas, na localização dos explosivos, varreduras, acompanhamento de autoridades, além da busca e localização de pessoas desaparecidas.
Produtividade canina
Até julho deste ano, os cães já realizaram 314 varreduras, que resultaram na prisão de 22 pessoas, na apreensão de R$ 22 mil e na localização de mais de duas toneladas de drogas e de 38 explosivos. Essa produtividade é possível graças a sessões de treinamento que são iniciadas desde que são filhotes. Lá, os cães adquirem novos comportamentos e habilidades por meio de testes sensoriais.
Aos poucos, os odores de substâncias que os cães vão ter que localizar no futuro são apresentados a eles. Dessa forma, os animais aprendem a sentir os cheiros e a segui-los pelas impressões deixadas no vento.
“O cão é direcionado para o trabalho desde o nascimento. No nosso centro de reprodução nós temos a ninhada, onde os melhores são selecionados e expostos a novos ambientes durante o treinamento, para que ele cresça familiarizado com a rotina. Eles precisam ser corajosos e ter uma boa adaptação para serem aptos ao trabalho”, explicou o tenente coronel Joel Marcos Luna, comandante do 5º BPChq.
Os animais passam por um treinamento intenso, que dura de 12 a 18 meses. Aos dois anos de idade, são avaliados pelo gabinete de treinamento para saber se já são considerados aptos a desempenharem as funções.
Olfato poderoso
De acordo com o capitão Sírio, comandante da 2ª Companhia Canil, o olfato do cão chega a ser cerca de mil vezes mais potente do que o de um ser humano. “A quantidade de células e neurônios olfativos do cão gira em torno de 200 a 350 milhões, diferente do ser humano, que é cerca de 5 milhões. Além disso, a nossa membrana olfativa é muito menor do que a do animal”, explicou o capitão.
Um dos maiores marcos da unidade é uma ocorrência que aconteceu em 17 de abril de 1956, quando o cão Dick e o soldado José Muniz de Souza realizaram um salvamento que mudaria a vida de uma família. Um menino chamado Eduardo foi sequestrado e, através do cheiro de seu travesseiro, a equipe conseguiu encontrá-lo. A criança foi localizada abandonada em uma área de mata graças ao trabalho ágil da dupla.