Júnior Lopes: “Os clubes pequenos estão sendo asfixiados”

“Os clubes pequenos estão sendo asfixiados”. A constatação do técnico Júnior Lopes. Com 20 anos de experiência e passagens tanto pelas grandes agremiações quanto pelas menores, é um alerta ao futebol brasileiro, que vez ou outra levanta a polêmica sobre o fim dos estaduais no calendário do futebol.
O treinador, hoje no comando do Camboriú, que disputa o Campeonato Catarinense e está na Série D do Brasileiro, conhece bem a dificuldade e a disparidade entre os clubes brasileiros. “Tive oportunidade de trabalhar em quase todas equipes de Série A e sempre mantive o mesmo ponto de vista. Vejo problema muito sério, os pequenos estão sendo asfixiados, estão acabando, terceirizando cada vez mais seus setores, as suas base”.
Júnior Lopes faz um alerta em nome dos clubes, muitos tradicionais, que podem fechar suas portas. “Não há mais trabalho desde 2003, quando houve a mudança do calendário e o estreitamento dos Estaduais. Isso é um mal para o futebol brasileiro, que acaba tendo consequências grandes na formação de talentos”.
O treinador lembra que, com a diminuição dos espaços públicos e o fim dos pequenos clubes, a tendência é perder a oportunidade não só de trazer a criança para o esporte, mas de se descobrir grandes atletas. “Os clubes pequenos sempre foram os portadores para os maiores. Se pararmos para pensar nos grandes craques descobertos nos últimos 30 anos, o Ronaldo saiu do São Cristovão e o Romário do Olaria. Cada vez mais vão destruir os pequenos e a formação de talentos vai ser bem menor. Será que no mundo de hoje, com a pouca valorização dos pequenos, eles teriam tido espaço para serem revelados?”, questiona.
A tentativa para a solução, segundo Júnior Lopes, está na conscientização das equipes de forte poder aquisitivo. “Os grandes tinham que se conscientizar disso e ajudar mais os pequenos a se fortalecer. A curto e médio prazo, eles estão acabando. É a aniquilação dos pequenos”.
Júnior Lopes acredita que colocar o tema em pauta pode ser a solução. “Gostaria muito que se tivessem reuniões e um consenso porque se deve valorizar os estaduais. Os grandes jogam mais como uma obrigação. A CBF deveria dar um valor de status, não só financeiro, e ajudar as federações. Vejo com pessimismo esse estreitamento”.

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