Jovens passam mais tempo na UTI e ajudam a lotar os hospitais.

Por todo o país, profissionais da área de saúde têm narrado o aumento de jovens internados pela covid-19. Embora o percentual de mortes se mantenha maior entre os idosos acima de 60 anos, tem sido cada vez mais comum ver pacientes com menos de 50 anos e sem comorbidades ocupando leitos de UTI (unidade de terapia intensiva). Em São Paulo, estima-se que o número de pacientes graves até 50 anos tenha subido de 25% a 35% neste ano em relação ao ano passado. Esse aumento, no entanto, não impacta só o paciente. Além de ajudar na transmissão para os mais velhos, quanto mais jovem, maior a resistência no combate ao vírus e maior o tempo de cuidados na UTI.

A avaliação de médicos ouvidos pela reportagem é a de uma cadeia: Jovens e adultos de até 50 anos têm saído mais e se exposto mais. Consequentemente, se infectam mais e, por resistirem a procurar tratamento, chegam em estado mais grave às UTIs. Assim, se tornaram peça fundamental na escalada de casos e mortes que o país passa atualmente. “Como o jovem tem uma defesa imunológica maior que o idoso, um corpo mais forte, ele luta com a doença e demora muito mais para se salvar ou, eventualmente, morrer. Dessa forma, ele fica mais tempo na UTI”, afirma o infectologista Marcos Boulos, professor da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Ele diz tratar-se de “matemática simples”: quanto maior o número de jovens internados, menor a rotatividade dos leitos de UTI e maior ocupação do sistema.

O paciente mais jovem produz muitos anticorpos, ele vai combatendo o vírus, enquanto o mais velho tem uma capacidade muito menor [de reação]. Com essa doença, temos visto que ou ele [idoso ou paciente com comorbidade] se salva logo ou morre– tanto que a quantidade [de óbitos] aumenta de acordo com a idade –, mas, de qualquer maneira, o idoso tem um tempo médio de internação muito menor. Marcos Boulos, infectologista e professor da FMUSP.

UTI mais jovem No estado de São Paulo o percentual de jovens e adultos de 59 anos para baixo infectados ainda não sofreu uma alteração brusca, variando entre 20% e 27% desde o início da pandemia. Não se pode dizer o mesmo sobre internados. A reportagem não teve acesso ao número total de internações por faixa etária neste momento no estado, mas, segundo os dados gerais de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) da Secretaria Estadual da Saúde, desde o início da pandemia, dos mais de 383.000 pacientes internados, 47% são idosos (acima de 60 anos) e 37% estão abaixo dos 50 anos.

FONTE :   UOL

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.