Sergio Moro depõe por nove horas sobre interferência de Bolsonaro na PF
Moro chegou na sede da PF de Curitiba às 13h20, recebido por grupos de apoio e de protesto contra sua atitude. O depoimento começou uma hora depois, conduzido por três procuradores da República, dois delegados do Serviço de Inquéritos da Diretoria Investigação e Combate à Corrupção (Dicor) e pelo diretor da Dicor, o delegado federal Igor Romário de Paula, que atuou na PF de em Curitiba durante a Operação Lava Jato. Ele teria apresentado as provas que já dissera ter em mãos: audios e mensagens trocadas com o presidente.
Em entrevista exclusiva a VEJA, Moro afirmou que entregaria provas de acusações de interferência política de Bolsonaro “em momento oportuno”. Além disso, ele revelou que é vítima de intimidação e que o presidente nunca priorizou o combate à corrupção. O ex-magistrado pediu demissão em 24 de abril, sob o argumento de “preservar” sua biografia. Depois de meses de embate com o Bolsonaro, ele fora surpreendido naquela madrugada com a demissão do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, a quem nomeara, publicada no Diário Oficial da União.
Para a imprensa, Moro detalhou suas conversas com o presidente, que insistia na subtituição de Valeixo por uma autoridade mais propensa a informá-lo sobre as investigações e relatórios de inteligência da PF. O ex-ministro afirmou ter resistido a essa investidas. Moro relatou ainda que Bolsonaro tinha “preocupações” com inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) e que, por isso, desejava a troca no comando da PF e os dirigentes das superintendências de Pernambuco e do Rio de Janeiro. “O problema é permitir que seja feita a interferência política na Polícia Federal”, resumiu na ocasião.