Refugiado da Síria conclui Engenharia Civil pelo UNIFEB
Bashar Frzly, 27 anos, estrangeiro, sírio, refugiado da guerra civil da Síria, se formou na 50ª Turma da Engenharia Civil do UNIFEB. A formatura de Bashar aconteceu na semana passada, no teatro do Centro Universitário, com a realização de dois sonhos, o diploma e o reencontro com os pais, que não via há seis anos.
Toda luta desde a saída da Síria, e as dificuldades por ficar longe da família, dos amigos, aprender um novo idioma, trabalhar e estudar ao mesmo tempo, foi comemorada no momento de sua colação de grau. Ele foi escolhido para ser o orador da turma.
“Desde pequeno gostava muito de matemática e física, já dei aulas voluntárias em campos de refugiados. Fiz faculdade de Economia na Síria , mas não conclui, faltou apenas um ano. A engenharia civil era também a minha paixão, e lembro que nas primeiras vezes que fiz a prova de vestibular no UNIFEB foram três tentativas, e por não dominar muito bem o idioma português, não consegui fazer a redação”, explicou Bashar.
Ainda de acordo com Bashar, “fazer a faculdade de engenharia era importante para o meu futuro, tenho muito amor pela área, e mesmo com pouco tempo para aprender o idioma português, iniciei a faculdade em abril de 2015. No terceiro ano já tinha acostumado com tudo, com os estudos, com a língua. Além disso, trabalhava a noite em restaurantes da cidade como barman e garçom, o que me ajudou bastante”, afirmou.
Com o esforço, Bashar conseguiu bolsa de 50% no segundo ano de faculdade, o que contribuiu para continuidade dos estudos, e no quarto ano começou o estágio no escritório de engenharia do professor da instituição, Caio Nunes. Já no quinto ano, o sírio começou a trabalhar como funcionário na mesma empresa.
“Trabalhar como engenheiro é gratificante, e ainda mais quando eu olho para trás, e vejo tudo que passei, e hoje sou engenheiro, e tenho muito orgulho”, afirmou.
O discurso de Bashar na formatura no UNIFEB fez os amigos, familiares, e público presente se emocionar muito. Segundo ele, mesmo sem entender uma única palavra do que ele disse, os pais também se emocionaram e chegaram às lágrimas, mesmo Bashar tendo optado em fazer o discurso em Português, pois estava representando a turma brasileira que o acolheu e o escolhe para a missão de orador.